POEMAS

Tudo que está escrito nessa página é de autoria de Eudes Ciriano. As parcerias são adicionadas com os nomes dos devidos autores abaixo ou ao lado do título.


Passagem Por Quatro Paredes

Criaturas inanimadas me animam
Num papel procuro um espaço
Para falar...
Passo horas olhando uma parede
Que vejo estar viva

Lágrimas coloridas
Olhos de cera
Homens alados
Com asas pesadas demais
Para tocar o céu que almejam

Flores e pensamentos
Formas hediondas
Poesias e desenhos
Falando do
Amor que tantos desejam

O contraste das cores
Ora agride, ora acalma!
O que trago na alma tem cor franca
Arma preta ou branca
Para qualquer pessoa
Para qualquer paixão
Poder jogar no chão
Todas as chances
Para uma vida fugaz

(Eudes Ciriano - 1994)


Forte Fraqueza

Gosto do desgosto também
Gasto gritos
Esgoto gestos
Me desgasto
Degustando fugas
Calado
Para dar espaço
Para dispersar

Afugentando passos
Esquecendo posses
Desmontando poses
Prezando pela calma
O Valor do difícil
Que corta e inflama
Vibrando com a conquista
Como é forte essa fraqueza humana

Peles repelidas
Por sua cor
Rotinas perfurando
As retinas
Ridículas partículas
De atenção
Das meninas
dos - olhos
Gordas
Invejando
Alguns segundos de fama
Como é forte
Essa fraqueza humana


Vou arriscar

A lua desmonta
Por de trás do monte
Bem depois de onde o vento dobrar

Corre em céu aberto
Estrela cadente
Desejo ardente no ar

Vejo você
Vejo você
Na rua

Vou acenar
Vou arriscar
Seu nome

E se olhar
No meu olhar
Mesmo de longe

Vai sentir
Eu te abraçar


POUCO AR NO PULMÃO

Está se vivendo um processo de perdas
E danos morais
Estabeleceram
Que a vida é curta
E que humanos são iguais

Ser feliz é uma proeza
Quem se firma, nem sempre se preza;
A sorte não dá a mínima pra nós

De cara fechada
Com dente rangendo
Boca espumando de raiva!
Segura no punho
Dor recebida
Querendo que saia
No hálito do vento
Sem nenhum consentimento
Correr livre
Palavras de grosso calibre

A mentira mergulha com
Pouco ar no pulmão


Saudade dela
(Eudes Ciriano/ Severino Ciriano)

Nunca mais vi o meu amor
Ela se mudou de casa amarela
Meu coração ta fazendo assim
Ta, ta, Tim, Tim, com saudade dela.

Cresceu como uma flor
Pura, perfumada e bela.
No peito o jardim que cuidou
Agora está sem ela
Nos olhos tem a cor
De folha ensolarada
O sorriso cheio de luz
Voz enchendo a toada
Que invade nossa mente
Sinala para alegria
O traço fica mais contente
É chegada a hora
Hoje é dia
...
De vê-la




Rumores



Sinto seu olhar

Beijando minha boca

Bêbada do teu seio



Grito aos pés

Dos teus ouvidos

Que andam desatentos



Aos

Rumores

Dos nossos corpos

Rasgando a noite



Estou misturando-me você



Weekend

O que programas pra nossa vida?
De que lado está quando a coisas apertam?
Que caminho tomar...
Tomar de assalto?

O sal do mar do sul
É gelado
De que lado está quando as coisas esquentam?
Todo o mundo é parte do chão
Chão do espaço?

Mais um passo

PENSAMENTO

TODA PALAVRA QUE VOCÊ EMITE
É UM PENSAMENTO SEU

TODO PENSAMENTO QUE VOCÊ OMITE
É UM MOVIMENTO SEU

TODA DERROTA QUE VOCÊ INSISTE
É DESESPERO SEU

NA CABEÇA TUDO QUE OLHO
É FATO
TODOS OS OLHOS
FITO
TODAS AS BOCAS BATEM
O QUE SE PERDEU
ANTES DO FIM
E MAIS!
MESMO CHORANDO
SE VAI
E AO SABOR DO VENTO
O PENSAMENTO
SE DESFAZ.

Just do it!

Carinho é bom
Quebra toda e qualquer insatisfação

Deixa de competição
Por tudo
Pra nada
Vencedores somos nós
Com tudo
De cima

Se partir não pare mais!
Quebre os recordes
Imponha uma marca
Que todo mundo vai querer usar
Faça você mesmo
Apenas faça!

É Verdade

Verdade sim
Verdade não
Verdade, sei não.

Escrito
Apagado
Dito
Mudado
Verdade
Escondida

Branco
Manchado
Inteiro
Quebrado
Liberdade
Retida

Falso
Falado
Maldição
Rezada
Luz
Escurecida

Foto e Grafia

Olho
Lentamente
Foco
Filtro
Luz
Disparo
Clic!
Revelam-se
Cores
Pigmentos
Misturas
Tons
Texturas
Formas
Fragmentos
Malhas
Tramas

Manzuá (Mãos ao alto - PB)

Placa cinzenta, praça estrangeira
Embaixo do banco, um patuá

Três indivíduos
Feito tampa de chaleira
Vai ser a maior sujeira
Se algum desgraçado achar

Na BR 101 norte
Não tem santo nem sorte
Se mandarem encostar

O diabo vem
Soltando fogo pelas venta
Com dois olhos de pimenta
Querendo te derrubar

E se o maldito tiver faro de cachorro
Não tem conversa nem choro
Até ele perguntar:
Tá tudo certinho?
Então me dá um trocadinho

Manzuá, Manzuá
Levanta a mão quem vem lá.

A Ceia

Homem morta fome
Da fome que mata
Dá dentada na miséria
Que não se retrata

Um pouco de fé
Antes que eu morra de fome
De vida
Que não enche a barriga
Nem os olhos de ninguém

Divido o todo pelo meio
O meio pela metade
Da metade um pedaço
Do pedaço “pego um taco”
“Um taco pra doze prato”
Cada prato pruma casa
Em cada casa um oratório
Em cada oráculo uma santa
Que não mexe nem se espanta
Com a desgraça do lugar

Aos Quatro Ventos

Sopra folha, sopra flor...
Sopra calor

No nariz da biruta
Venta
Na ponta do vento
Nuvem
Não vai
Passar sem chorar

Apaga a vela
Sopra folha
Empurra o veleiro
Sopra calor
Leva vida
Sopra pólem
Espalha perfume
Sopra flor

Pára-brisa, pára-quedas
Balão, avião
Papagaio, asa delta
Pipa, tufão

Primeira Opção

Encanta
O canto
O beco estreito

A espreita
O grande vão do engano
O pano - de - chão
De mesa
De cama
O amor próprio ou alugado
Aceitar abrigo
Diante do desejo negado
Quando for em último plano
A primeira opção

Até mais ver

Tudo foi bom
Mistura sem medida
Quadro sem ponto de fuga
Progressão interrompida
Mas
Boas horas foram vividas
Divididas
Em partes incomensuravelmente
Iguais

Sem humor
Sem princípios
Sem calor
Sem fogos de artifício

Despeço-me.

Primeira Tela

Achei o abstrato buscando a forma
Encontrei forma no abstrato
Tirei o extrato da polpa
Arranquei a polpa do papo
Escutei o papo na sala
Entrei de sola na vida
Que um dia arranquei
Dos pôsteres
Das derrotas
Das pole positions
Positivo?
NE...GA...TI...VO!
Volúvel como elétrons
Solúvel como Nescafé
“Dilúvio” li na bíblia
Luva na mão
Sapato no pé...
Da escada
À direita da sala
Onde escutei um papo
Do papo tirei o extrato
Do extrato achei a forma
Buscando o abstrato.

O Cara

O cara entra
Come
Bebe
Mama
Arrota na mesa
E sorri
Para esconder o que está mordendo

Aí todo mundo
Cobra medida
Quebra sigilo
Berra, esperneia!
Mas não barra o cara
Na entrada.

Com dinheiro tudo passa a poder
Com dinheiro tudo passa

A maior parte pra quem desvia
A melhor parte pra quem divide
Há impedimento na jogada
Mas ninguém apita

Levanto a bandeira
Mas ninguém apita