sexta-feira, dezembro 26, 2008

É Verdade

Verdade sim
Verdade não
Verdade, sei não.

Escrito
Apagado
Dito
Mudado
Verdade
Escondida

Branco
Manchado
Inteiro
Quebrado
Liberdade
Retida

Falso
Falado
Maldição
Rezada
Luz
Escurecida

Foto e Grafia

Olho
Lentamente
Foco
Filtro
Luz
Disparo
Clic!
Revelam-se
Cores
Pigmentos
Misturas
Tons
Texturas
Formas
Fragmentos
Malhas
Tramas

Manzuá (Mãos ao alto - PB)

Placa cinzenta, praça estrangeira
Embaixo do banco, um patuá

Três indivíduos
Feito tampa de chaleira
Vai ser a maior sujeira
Se algum desgraçado achar

Na BR 101 norte
Não tem santo nem sorte
Se mandarem encostar

O diabo vem
Soltando fogo pelas venta
Com dois olhos de pimenta
Querendo te derrubar

E se o maldito tiver faro de cachorro
Não tem conversa nem choro
Até ele perguntar:
Tá tudo certinho?
Então me dá um trocadinho

Manzuá, Manzuá
Levanta a mão quem vem lá.

A Ceia

Homem morta fome
Da fome que mata
Dá dentada na miséria
Que não se retrata

Um pouco de fé
Antes que eu morra de fome
De vida
Que não enche a barriga
Nem os olhos de ninguém

Divido o todo pelo meio
O meio pela metade
Da metade um pedaço
Do pedaço “pego um taco”
“Um taco pra doze prato”
Cada prato pruma casa
Em cada casa um oratório
Em cada oráculo uma santa
Que não mexe nem se espanta
Com a desgraça do lugar

Aos Quatro Ventos

Sopra folha, sopra flor...
Sopra calor

No nariz da biruta
Venta
Na ponta do vento
Nuvem
Não vai
Passar sem chorar

Apaga a vela
Sopra folha
Empurra o veleiro
Sopra calor
Leva vida
Sopra pólem
Espalha perfume
Sopra flor

Pára-brisa, pára-quedas
Balão, avião
Papagaio, asa delta
Pipa, tufão

Primeira Opção

Encanta
O canto
O beco estreito

A espreita
O grande vão do engano
O pano - de - chão
De mesa
De cama
O amor próprio ou alugado
Aceitar abrigo
Diante do desejo negado
Quando for em último plano
A primeira opção

Até mais ver

Tudo foi bom
Mistura sem medida
Quadro sem ponto de fuga
Progressão interrompida
Mas
Boas horas foram vividas
Divididas
Em partes incomensuravelmente
Iguais

Sem humor
Sem princípios
Sem calor
Sem fogos de artifício

Despeço-me.

Primeira Tela

Primeira Tela

Achei o abstrato buscando a forma
Encontrei forma no abstrato
Tirei o extrato da polpa
Arranquei a polpa do papo
Escutei o papo na sala
Entrei de sola na vida
Que um dia arranquei
Dos pôsteres
Das derrotas
Das pole positions
Positivo?
NE...GA...TI...VO!
Volúvel como elétrons
Solúvel como Nescafé
“Dilúvio” li na bíblia
Luva na mão
Sapato no pé...
Da escada
À direita da sala
Onde escutei um papo
Do papo tirei o extrato
Do extrato achei a forma
Buscando o abstrato.

O Cara

O cara entra
Come
Bebe
Mama
Arrota na mesa
E sorri
Para esconder o que está mordendo

Aí todo mundo
Cobra medida
Quebra sigilo
Berra, esperneia!
Mas não barra o cara
Na entrada.

Com dinheiro tudo passa a poder
Com dinheiro tudo passa

A maior parte pra quem desvia
A melhor parte pra quem divide
Há impedimento na jogada
Mas ninguém apita

Levanto a bandeira
Mas ninguém apita