sábado, outubro 13, 2007

Ao sabor do vento

Estou com a vista cansada
Não vejo meus amigos
Só sei do que conheço
Não vejo troca
Não a sinto
Nem sei se há essa vontade
Me pergunto o tempo todo se sou radical
Se quero mais do que a vida me deve
A vida me deve algo?
Penso que não
Pelo menos não é só por ela que eu vivo
Dependo dela, mas não é só ela que proporciona os momentos
De felicidade e angustia
De calor e clareza
De ventos e lágrimas
De suor e dádiva
De aconchego
Sei que isso faz parte dos dias
Que a noite nem sempre descansa
Que as pernas ainda estão fortes
Que os braços puxam as cordas necessárias
E o sopro dos dias joga areia nas vistas
E o cristal de cada grão corta as veias do olhar
E de repente o que se faz, está com muito ruído
E fechar os olhos pode ser a melhor opção
E olhar para dentro pode ser perda de tempo
Sabemos o que nos faz falta
Mesmo assim não se estendem as mãos
Não se entende com nada
Onde o objetivo é tudo
Tudo?
Queremos tudo?
Queremos algo?
O que queremos?
Dá para contar quantos pessoas com nada querem tudo?
Pular assim do vazio para o cheio sem um choque?
Cuspir no ego para receber perdão?

A cada momento alimento os olhos e a mente
A cada olhar mentalizo o alimento
A cada pensamento o olhar no alimento

Mesmo assim há fome e descontentamento
Do paladar exigente
De quem vive ao sabor do vento.